Cigarros eletrônicos e uso entre adolescentes põe colégios em alerta
Colégios privados fazem comunicados aos pais e abordam em aulas os riscos da substância, vista muitas vezes como inofensiva
O uso de cigarro eletrônico pelos adolescentes tem colocado colégios brasileiros em alerta. A preocupação cresceu neste ano, com a retomada das aulas presenciais. O consumo é comum em ambientes reservados, como nos banheiros, e há casos até de venda dos dispositivos, que são proibidos no Brasil, nas escolas.
Colégios privados fazem comunicados aos pais e abordam em aulas os riscos da substância, vista muitas vezes como inofensiva. O desafio do cerco ao cigarro eletrônico, no entanto, é grande: como são discretos (alguns se parecem com pendrives), podem passar despercebidos pelos professores.
Os dispositivos funcionam por meio de uma bateria que esquenta um líquido interno (uma mistura de água, aromatizante alimentar, nicotina, propilenoglicol e glicerina vegetal). Também chamado de vape ou pod, o dispositivo é tragado pela boca e cria uma fumaça branca e sem cheiro ou com um cheiro que se dissipa rapidamente no ar.
Adolescentes dizem que o consumo é comum entre grupos de estudantes, principalmente do ensino médio, nos banheiros, no fundo da sala de aula ou nas quadras. Os jovens enviam mensagens de celular uns aos outros para marcar encontros em áreas mais reservadas das escolas, onde fumam juntos. O uso também ocorre fora do colégio, na saída da aula ou no intervalo entre os turnos.
Apesar de proibidos no Brasil, cigarros eletrônicos são facilmente encontrados em tabacarias, lojas de conveniência e redes sociais. Na escola, são passados de mão em mão ou dentro dos estojos, contam os estudantes.
Em alguns casos, os jovens já conhecem os riscos da substância, mas usam como forma de pertencer ao grupo ou como válvula de escape para questões emocionais. Em outros, se surpreendem com a informação de que pode ser cancerígeno, viciante e causar danos aos pulmões.
Questão de moda?
Novidades como sabores diferentes e dispositivos que brilham no escuro atraem os adolescentes.
“Há a sensação de que não é viciante e pode parar a qualquer momento”
diz Mario Fioranelli Neto, coordenador pedagógico no Centro Educacional Pioneiro, na zona sul de São Paulo.
A escola registrou um caso pontual de uso no colégio – o próprio estudante buscou a direção -, mas também se preocupa com a difusão do cigarro eletrônico fora do ambiente escolar, como em festas ou na saída dos alunos para o almoço.
Luciana Nogueira, professora do Departamento de Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz ter recebido relatos de colégios sobre o problema e afirma que a visão positiva em relação ao vape torna o dispositivo ainda mais perigoso. Diferentemente do cigarro tradicional, que tem cheiro forte e incomoda quem está perto, o eletrônico é socialmente aceito, “como algo cool, legal, da moda”.
Ela alerta que mesmo dispositivos eletrônicos sem nicotina são viciantes, já que o vício de fumar não tem apenas origem química, mas principalmente psíquica. “Eles estão adquirindo o hábito de levar um objeto à boca e tragar”, diz Luciana, especialista em vulnerabilidades da adolescência.
Autoafirmação
Muitas vezes os alunos usam porque é a coisa legal do momento, por pressão social, parte do impacto causado pela pandemia na necessidade de autoafirmação dos adolescentes.
Um pequeno grupo que não tem bloqueio por parte dos pais acabam influenciando grupos maiores, e os influenciados acabam entrando na onda para pertencer ao grupo. Isso acontece não só com o cigarro eletrônico mas também com outros tipos de substâncias nocivas.
Vale refletirmos mais sobre o assunto e educar nossos filhos de que como qualquer substância nociva, o uso de cigarro eletrônico faz mal para a saúde.